O primeiro passo para conceber um grupo de amostragem é observar e conhecer o universo que o pesquisador planeja trabalhar, tanto o viés qualitativo – um comportamento, conjunto de leis ou histórico de uma cidade ou país, por exemplo – quanto o quantitativo – um público de determinada faixa etária, classe social e etc.
Se tomarmos como exemplo a população da cidade de São Paulo, teremos 12 milhões de habitantes para analisar. Entrevistar um a um não é a maneira mais ágil e efetiva de realizar uma pesquisa. A partir daí, fica certo que é necessário retirar uma amostra daquela população que possa refletir as nuances e anseios do todo.
O resultado pode apresentar algumas discrepâncias? É claro! Suponhamos que entrevistamos 100 pessoas da cidade de São Paulo para saber quantas consomem álcool e 25% da amostra tenha respondido sim. A simples lógica induz que, de 100 paulistanos, 25% consomem álcool. Logo, se analisarmos 12 milhões de paulistanos, o número de pessoas correspondente deveria representar a mesma fatia de 25%.
No entanto, aleatoriamente, a pesquisa pode ter selecionado mais ou menos pessoas que consomem álcool para representar a amostra. Felizmente, o erro cometido pela generalização de resultados pode ser limitado por meio de estatísticas. Para isso, existe a margem de erro – baseada nas Leis da Probabilidade da matemática.
TÉCNICAS
Existem três técnicas diferentes para estipularmos uma amostragem:
Probabilística
Também chamada de aleatória ou randômica: é aquela que dá chance para qualquer pessoa participar do grupo de amostra – o pesquisador sai nas ruas realizando as perguntas ou um sorteio aleatório determina quem deve responder, etc.
Por cotas ou intencional
São selecionadas pessoas que encaixem em um determinado perfil, de acordo com gênero, faixa etária, classe social, preferência de consumo e qualquer outro recorte que atenda à demanda do cliente.
Conveniência
Os candidatos fazem parte do círculo de relacionamento do pesquisador, que pode acessar influenciadores alpha e beta com mais facilidade e penetração. Essa abordagem é mais usada em pesquisas qualitativas.
PLATAFORMAS
A abordagem com o público da amostragem pode ser feita de diversas maneiras, principalmente com o advento da tecnologia. No cenário atual, as formas mais comuns são: pessoalmente, por ligação e por e-mail/ online. Esses dados, na maioria das vezes, são fornecidos pelos próprios voluntários através do preenchimento de formulários nas páginas dos pesquisadores. Outras vezes, o contratante fornece o mailing a partir de sua base de clientes.
A pesquisa feita pessoalmente tem um custo alto e, por isso, tem sido feita em pouquíssimos casos. Além do valor, a dificuldade de chegar até as pessoas – acessar condomínios, etc – é outro fator que dificulta essa abordagem. Por outro lado, a conversa “olho no olho” pode extrair do voluntário respostas mais completas e autênticas.
Por telefone é um pouco mais fácil, mas muitas pessoas não atendem e alguns números cadastrados não existem mais. Esta é uma abordagem que varia muito de pesquisa para pesquisa – caso haja uma lista estipulada de pessoas, como clientes antigos do contratante, pode ser uma abordagem efetiva.
O e-mail/online, por fim, é a maneira mais utilizada atualmente porque é extremamente rápida. Para entrevistar uma amostra com 400 pessoas em São Paulo, por exemplo, levaria alguns dias até estabelecer contato com todas as pessoas via telefone ou pessoalmente. Já a abordagem por e-mail diminui esse tempo para horas. Além disso, fatores como custo-benefício e a possibilidade de realizar amostragens com populações do mundo inteiro fazem com que o e-mail seja a maneira mais escolhida entre os pesquisadores atualmente.
O ponto é: o custo e a rapidez atendem à necessidade da pesquisa ou da empresa que vai realizar a pesquisa? Porque às vezes a abordagem pessoal seria realmente a forma de atender à necessidade da pesquisa, mas a empresa que está realizando não tem tempo e/ou dinheiro para realizar essa abordagem e opta pelo email/ online. O resultado vai responder ao problema da pesquisa?
Outro ponto a se refletir é com relação a verificação/ veracidade das respostas: na abordagem pessoal, há todo um questionamento se o entrevistador realmente realizou a entrevista ou se fraudou (combinou com alguém ou inventou as respostas), então há todo um controle realizado por meio de verificação pessoal, telefônica, de escuta das entrevistas e monitoramento por GPS, por exemplo. E no caso do email/ online? A pessoa que respondeu era ela própria? Ela estava realmente interessada em responder as perguntas de maneira verdadeira? Também é feito um controle dos painéis para essas verificações, vale a pena se inteirar.
Por fim, vale sempre voltar ao universo de interesse e buscar entender qual o viés que o recorte utilizado para a amostra está trazendo sobre ele. O mesmo vale para a abordagem.
Joana Belo
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